sexta-feira, abril 28, 2006

Bom, a notícia não é mais fresquinha, mas eu sou. Lembrei-me de uma tira do Laerte por causa dela. Assim, senta que lá vem história...

Então, em 2001, quando o presidente da Câmara era o Aécio Neves (PSDB), a Câmara dos Deputados criou uma verba indenizatória para Parlamentares para ressarcimento de gastos com a manutenção do escritório nos estados. O ato da Mesa da Câmara dos Deputados que criou a verba indenizatória para parlamentares é de 2001. Naquela época o valor era de R$ 7 mil, passando depois para R$ 12 mil e hoje é de R$ 15 mil. Em 2005 a Câmara repassou R$ 41 milhões para reembolso de despesas com combustível dos deputados.

Pois então, alguns deputados estão sendo investigados devido a gastos... err... estranhos. Um dos investigados é Francisco Rodrigues (PFL), que recebeu reembolso por supostas despesas com gasolina, APENAS NOS PRIMEIROS 3 MESES DE 2006, R$ 60 mil.

O simpatia primeiro tentou justificar os R$ 60 mil gastos com combustível nos primeiros três meses do ano alegando que trabalhou muito. "O meu estado é enorme e minha atividade é intensa, então concentramos os gastos nesse item, o que é permitido pelo ato da Mesa".

Aí eu pensei no seguinte, vamos lá, comigo: 60 mil em 3 meses são 20 mil por mês. Vamos considerar que o cara não vá nunca para Brasília trabalhar só para ficar mais perto do seu povo, correndo o estado 5 dias por semana. Isso são 20 dias por mês. Ou seja, mil reais de combustível por dia. A R$2,50 o litro de gasolina (dando uma folga para o cara e comprando gasolina cara), são 400 litros por dia.

Considerando ainda que o dedicado parlamentar rode 12 horas por dia nessa peregrinação sem fim, ele gasta aproximadamente 33 litros de combustível por hora. Dando novamente um voto de confiança e imaginando que o veículo dele faz, na estrada, apenas 10 kilômetros por litro, concluímos que o nobre deputado faz sua perambulação pelas estradas de Roraima a uma velocidade média de 333 km/h, non stop, 12 horas por dia, 5 dias por semana.

Assim não sobram muitos serviços a prestar ao seu eleitorado nessa velocidade, a não ser este, profetizado pelo Laerte há uns 20 anos:


Depois ele acabou admitindo em entrevista que apresenta notas de consumo de combustível para justificar outros gastos como alimentação. E foi ainda acusado pelo gerente de um posto de gasolina em Boa Vista, Roraima, de abastecer os caminhões de sua empresa com o combustível que posteriormente cobra da Câmara. E acabou com a minha brincadeira. Agora bem que podia começar a da Polícia Federal.
Resumão