domingo, setembro 24, 2006

Não-vergonha

Por algum motivo que ainda não entendi bem (talvez total estupidez mesmo), esse acontecimento (descrito no post O Inconvenientômetro) não vai para a lista de vergonhas. Provavelmente porque a Sheila (nome fictício) é tão fofa que conseguiu fazer com que eu não achasse um absurdo hediondo eu obrigá-la a terminar a tarde de sábado faxinando a própria cozinha. Uma lady, enfim.

Conclusão resumida

Você sabe que alguma coisa fez de errado durante sua visita quando a dona da casa termina passando pano no chão da cozinha de quatro.

O Inconvenientômetro - Teoria e estudo de caso

Diz-se que no século XIX, na Alemanha, se não me falha a memória, um senhor conhecido nos círculos sociais obtinha fama crescente pelos atos inconvenientes que cometia nas mais diversas situações. Sempre que ele estava presente podia-se esperar por um desastre de etiqueta, a morte dos modos em uso, enfim, a mais completa falta de senso de noção. Era o já notório Barão von Mothafckin Visitfromhell.

Um dia trazia as crianças e seus diversos amiguinhos para um jantar de gala em uma biblioteca, na semana seguinte era visto brincando com uma bola na sala ao lado de um recital. Enfim, parecia insuperável.

Até que um dia muda-se para a cidade um comerciante inglês, Lord Paininthee Assguest. Lord Assguest trazia à sua frente a fama de ser o pior convidado de toda a Europa. Naturalmente, com o passar do tempo os dois estavam disputando claramente a duvidosa honraria.

Pouco se sabe sobre que ganhou a disputa ao final. Sabe-se porém que muitos perderam com ela. De qualquer maneira, não se pode negar que a humanidade herdou algo de vital importância dessa contenda.

Visto que com o passar dos anos os senhores em questão sentiam falta de um modo de mensurar os efeitos de suas ações, acabaram por desenvolver, com o auxílio de um grupo de matemáticos conhecidos (diz-se que o preço combinado foi a promessa de nenhuma visita posterior, mas não há evidências conclusivas), um critério de mensuração: O Inconvenientômetro.

Eu encontrei e recuperei dados sobre o funcionamento desta técnica e a extensa teoria envolvida, e compartilho essa informação a seguir.

***

Para demonstrar seu funcionamento prático, vou utilizar o mesmo em uma visita real que eu e a Zel fizemos recentemente à casa de uma grande amiga. O nome dela será poupado, por motivos que se mostrarão claros durante a descrição abaixo. Para manter seu anonimato, vamos chamá-la de Sheila, nome fictício.

Também serão evitados os cálculos matemáticos utilizados para atingir os índices em questão, pelo grau de complexidade envolvido. Tais cálculos serão disponibilizados e discutidos em publicação posterior, específica.



Como podemos notar, o Inconvenientômetro mede o quanto você está sendo inconveniente enquanto visita/ dono da casa/ colega etc. Pontos mais próximos do limite superior indicam comportamento menos adequado, menos conveniente. Quanto mais perto do limite inferior, menores as chances de você estar sendo um incômodo, uma irritação.

Como o grau de inconveniência varia de um envolvido para outro, o gráfico acima descreve apenas o meu comportamento. Um Gráfico Inconvenientômetro para a Zel pode ser apresentado posteriormente, para fins de comparação.

Segue abaixo a legenda dos acontecimentos ao longo do tempo:
1. 14:50 - Apesar de haver avisado que só poderíamos chegar mais tarde, aparecer umas 2 horas após o horário inicial já faz o evento começar mal, deixando-me com alto nível de inconveniência.
2. 15:05 - Sheila (nome fictício) trabalhando e eu comendo bruschetas. Alguma inconveniência, mas tomei o cuidado de externar minha felicidade e agradecimento. Pequeno grau de inconveniência.
3. 15:10 - Enquanto a Sheila se desdobrava sobre a pia e o fogão, eu tomava Martini e ouvia música, a apenas 3 metros dali. Moderado grau de inconveniência. Voltando a crescer.
4. 15:35 - Semi me ofereço para abrir o (a?) champanhe. Grau de inconveniência volta a cair.
5. 15:36 - Abro o(a?) champanhe sem fazer estrondo ou gritar "viva", "uhu" e afins. Inconveniência vem a zero.
6. 16:15 - Primeiro a sentar à mesa, me segurando para não bater os talheres. Inconveniência dá sinal de vida.
7. 16:20 - Alimento-me como um mamute (ou como suponho que um mamute o faria), como o risoto 3 vezes, tendo comido a salada entre a primeira e a segunda vez. Duas porções de Petit Gateau sucumbem à minha fúria. Inconveniência volta rejuvenescida e gloriosa.
8. 16:55 - Para recuperar um pouco da elegância perdida, semi ofereço-me para fazer café. Restrinjo a oferta à máquina de café expresso, o que reduz a conveniência um pouco, mas ainda resta um saldo positivo.
9. 17:20 - Estando o café já quente nas xícaras, tento evitar qualquer inconveniência possível retirando o compartimento do pó antes de retirar as xícaras, para que não pingue café no suporte da máquina. Com a pressão ainda existente, explode um jato de pó de café e vapor que atinge toda a cozinha, fazendo que a dona da casa passe algum tempo obrigada a ficar agachada limpando o chão. Como resultado temos a cozinha imunda e um novo patamar atingido no Inconvenientômetro, fora da escala normal.

Em breve, curso de aperfeiçoamento. Em sua casa.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Minhas vergonhas ou Poupando o dinheiro do analista - Parte III

Lá pela 5ª ou 6ª série eu achava que eu era gênio. Mesmo, uma mente privilegiada, que só não tinha sido escolhido por deus porque eu já não acreditava em deus na época. Mas se ele existisse eu era o escolhido.
Só quem podia rivalizar comigo (mesmo que a alguma distância) nas graves questões discutidas em sala de aula quando se tem 11 anos era o outro Fernando da sala, meu melhor amigo.
Eis que um dia o indivíduo tem a insensatez de tirar uma nota não apenas boa, mas maior que a minha, em matemática. Eu levantei, do nada, como um raio, brotei da terra no outro lado da sala e xinguei o cara: "rato branco!". Por que esse animal? Ou por que branco? Não sei. Foi ridículo. E esse tipo de manifestação irracional e incontrolável se repetiu em algumas outras situações, mesmo depois de adulto, como veremos.
Um demônio mora dentro de mim.


Ainda lá pela 5ª ou 6ª série, eu e meu melhor amigo resolvemos roubar um quadro do museu da cidade onde morávamos. Não me pergunte. Só para aplacar parte da sua curiosidade, informo que acabamos não roubando.
Mas a questão é que precisaríamos de nomes falsos para assinar o livro de visita. E o meu amigo sugeriu ?Antônio?. E eu respondi sem pensar "Não, muito caipira". E o segundo nome dele era Antônio. E o pai dele se chamava Antônio. E eu felizmente só me dei conta disso à noite, em casa. Foi horrível.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Como transformar um filme com coisas boas em algo que eu não quero ver

Eu estava lendo sobre os filmes que estão em cartaz (e os que estão chegando) e comecei a ler várias referências positivas ao filme O Abismo do Medo (The Descent - da produtora Lion´s Gate). Oba, gostamos bastante de filmes de horror, monstros, alguma coisa boa em um futuro próximo.

Então lembrei de já ter visto um outdoor sobre esse filme. Era um outdoor em português que tinha essa imagem...


Com o texto em português "Dos mesmos estúdios de Saw e Hostel"

Lembrei do motivo de não ter gostado da idéia de assistir esse filme logo que vi o outdoor. Primeiro, ficou parecendo que a única referência boa do filme é o estúdio. Bom, se quando os produtores de um filme novo são os mesmos de algum filme que eu gosto isso já não me faz querer ver o filme (os caras podem produzir qualquer porcaria, até o Coppola já produziu porcaria), imagine se ser o mesmo estúdio, que é uma coisa muito maior, com muitos interesses conflitantes, vai servir como referência. Pois é, não serve.

Para piorar, a imagem que colocaram nessa campanha faz parecer, ao menos para mim, que deram algo para o estagiário fazer correndo, ele pegou uma imagem que ele gostava da internet e photoshopou um efeito de foguinho em cima. Ou você nunca recebeu essa fotografia por e-mail? (pelo menos a parte da caveira sozinha)


Claro, depois vi que não é a mesma imagem, tá lá o povo com as roupas diferentes, de acordo com o filme, mas vamos continuar na linha que separa a homenagem do plágio. E ficar na linha, discutindo isso, já diz muita coisa.

***

Lendo depois sobre a Lion´s Gate até encontrei um padrão bastante legal nos filmes que vêm da mesma. Exceção, claro, a Alone in the Dark, que achei uma merda.

Enfim, parece que o filme é legal, vamos assistir. Mas deu trabalho ignorar a campanha.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Law & Order SVU e o esquecidão, uma opinião com spoiler

Assistimos ontem um episódio de Killer Instinct, mais uma série de detetives-investigadores-bonitões, essa da Fox. O ritmo é legal e normalmente tem uma trama interessante, com apenas um ou dois furos de roteiro, o que já é legal.

No episódio de ontem ("Forget me not", #107) um "cereal killer" vem atacando casais há algum tempo quando finalmente uma vítima (o homem) sobrevive ao ataque, mas completamente sem memória. Depois de muitas reviravoltas o cara acaba lembrando de tudo o que aconteceu e, entre essas coisas, de que ele é o assassino, e não a vítima.

O que o roteiro faz, então? Para evitar dilemas morais, éticos e afins, imediatamente após se lembrar ele opta por continuar os ataques, justificando então sua prisão, o bem vencendo, enfim, aquela coisa toda.

Talvez por isso sejamos tão apaixonados aqui em casa por Law & Order SVU (NBC, passando no Brasil no Universal Channel). Se fosse em LO-SVU, o cara provavelmente não se lembraria do que aconteceu, mesmo depois que se provasse que o assassino era ele, o que deixaria um grande problema sobre a condenação e prisão de alguém que não sabe (ou não se lembra, whatever) o que fez.

Mas isso seria muito dilema, muito drama, enfim, demandaria muitos neurônios.

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E claro, gostamos também da Mariska Hargitay. :D