segunda-feira, dezembro 10, 2007

Telefonica

Trechos da matéria da Folha de São Paulo, online em 08/12/07, texto completo disponível aqui.
(Negritos meus)


08/12/2007 - 09h47

Procon afasta diretora após "festinha" da Telefônica

O secretário da Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Marrey, afirmou ontem em ofício considerar "inaceitável" o recebimento de presentes por parte de funcionários da Fundação Procon-SP. Na última quinta, mais de 100 funcionários ligados à entidade participaram de encontro de intercâmbio com palestras, almoço e brindes patrocinados pela Telefônica.

Marrey determinou a abertura de processo administrativo para investigar o fato, e ontem mesmo o Procon-SP -órgão da Secretaria da Justiça- afastou a diretora de atendimento, Miriam Trevisan Nassif, e sua assistente (cujo nome não foi divulgado), que seguirão com outras funções ao menos até o fim da investigação.

Miriam foi uma das premiadas no sorteio realizado após o almoço no hotel Mercure, em Santana, zona norte de SP, onde a Telefônica sorteou prêmios como aparelhos de DVD, telefones sem fio, pendrives e relógios de mesa. Ela disse que aceitou o prêmio para evitar um constrangimento e que ele seria devolvido ontem, conforme fez o Procon-SP por ofício.

Segundo ela, o objetivo no evento era dialogar com diretores da empresa visando melhorar o atendimento ao consumidor e discutir formas de evitar o elevado número de reclamações sobre os serviços da empresa de telefonia.

Na capital paulista, conforme o último levantamento (2006), a empresa liderou o ranking do Procon com 11% das queixas (2.262), seguida da Vivo (1.076) e da Embratel (916). Entre as principais queixas estavam cobrança indevida e serviços não-solicitados.

(...)

Mas não foram apenas os brindes sorteados anteontem que a Telefônica ofereceu. Carlos Coscarelli, assessor chefe da diretoria-executiva do Procon, disse que, "apesar do longo relacionamento", a empresa se inclui entre as que insistem em distribuir brindes.

"Algumas já deixaram de fazer isso", disse, em razão de os presentes serem devolvidos por ofício. "Mas a Telefônica está sempre mandando alguma coisa para os funcionários", como panetones. "A gente vem sempre, polidamente, tentando contornar essa situação."

Coscarelli afirmou na quinta-feira que os presentes apenas não foram devolvidos no evento porque criaria um constrangimento grande e porque o objetivo era melhorar o relacionamento, e não piorá-lo.

(...)

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Eu já havia decidido, na época da chegada da Telefonica no Brasil, que assim que pudesse me livrar da dita eu o faria. Vários anos depois a oportunidade finalmente surgiu. Não sinto saudades. Nessa casa a Telefonica não entra nem arrombando a porta.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

A moda e as bactérias

Sou velho. Sou do tempo em que calça jeans era azul escura. Lisa, íntegra, uniforme, resoluta e confiável.

Mas ainda me lembro de quando tudo começou a mudar...

Primeiro foram as calças mais clarinhas. Elas foram chegando sorrateiras e eu deixei passar. Depois foram as calças jeans lavadas. E quando as calças jeans estavam variando por quase todos os tons de azul (uns 3, se você for homem mesmo), apareceram as que tinham mais de um tom na mesma calça, em geral emulando uma calça já usada.

Até que a coisa descambou de vez. Em algum momento de distração da civilização deixamos que se instalassem as calças com mais de uma cor (!!), as com marcas que simulam um leque de tecido passado a ferro, as esburacadas, puídas e desgrenhadas, e finalmente as com figuras concretas e abstratas em apliques diversos. Se o mundo acabar, foi a calça com aplique.

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Essa semana vimos na tv uma loja anunciando umas camisetas e bermudas washed-stoned-smoked-junk-addicted-whatever, e a coisa atingiu um estágio inimaginável. Agora as roupas são vendidas com aparência de velhas mesmo!

A camiseta tem cara de usada de verdade, com manchas nojentas. As bermudas têm simulações (acredito eu) de pequenas gotas brancas. Em algum momento o "look pintor de paredes" virou moda e eu não percebi.

Imagino que no próximo comercial teremos , além da linha "Pintor de Paredes", manchas e texturas nas linhas lançamento "Açougueiro", com lindas manchas com badrões borrifados em tons de vermelho, e "Lixeiro", com manchas multicoloridas e apliques orgânicos.

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Li há algum tempo que a maior parte dos novos negócios não dá certo principalmente porque é fruto de necessidade, ao invés de oportunidade.

As pessoas tendem a abrir novos negócios quando perdem ou abandonam seus empregos, e precisam inventar algo para sobreviverem, quando o ideal seria que abrissem os seus negócios (!!) quando encontrassem uma boa oportunidade, independente de haver uma necessidade concomitante (não, não discutiremos as razões para tal neste post, esquece).

Pois eu, homem de visão, empreendedor e pró-ativo que sou, acabo de identificar uma excelente oportunidade. Serei o desbravador da nova fronteira da moda urbana: depois da roupa multicolorida, desbotada, manchada e rasgada, vem aí a roupa fedida de fábrica!

Vou ter que começar aos poucos, claro, explorando o mercado. Talvez vendendo algumas camisetas velhas minhas, com o selo Authentic Alive Bacteria Inside na etiqueta, uma coisa assim meio Yakult.

Se as apenas multicoloridas, desbotadas, manchadas e rasgadas estavam sendo vendidas por até R$80, a linha com bactérias vivas e com cheiro sai fácil por uns R$120. Vou fazer fortuna...