quinta-feira, outubro 11, 2007

Radiohead - Vale quanto o disco?

Comprei essa madrugada o novo cd do Radiohead, "In Rainbows".

Quer dizer, não foi bem o cd que eu comprei; eu paguei para baixar as músicas. Até aí, nada tão novo assim. A diferença foi decidir o preço eu mesmo. De 0 a 99 Libras, paga-se o quanto quiser. Fiquei pensando um bom tempo, analisando os vários critérios que poderia usar para decidir o quanto eu pagaria...

Seguem abaixo alguns trechos que eu recortei da matéria de Marcelo Negromonte para o Uol Música (http://musica.uol.com.br/ultnot/2007/10/10/ult89u8111.jhtm)...

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"Quanto você pagaria (ou já pagou) pelo novo álbum do Radiohead? Sem essa de faixas avulsas, é a obra em conjunto, dez músicas. (...) O valor que você escolhe --e pode ser nada-- vai para a banda, sem intermediários. Então você escolhe o quanto vale esse material que você desconhece produzido por uma banda que você conhece e de que provavelmente gosta.

Se você não pagar nada, você diz à banda que o novo álbum dela não vale nenhum dinheiro. É legítimo. Mas agora a decisão é sua; não há mais gravadora contra a qual se opor, não há mais loja da qual reclamar: é você e a banda. E aí?

E aí que é uma relação nova essa de estabelecer valores monetários para valores subjetivos (o seu apreço pela música) de modo direto. Não, você simplesmente não tem o "poder" de escolher, é algo maior. A sua decisão diz respeito a si próprio e faz com que você reflita sobre ela. O Radiohead colocou você em xeque. Mais uma vez.

(...)

Finalmente, oito anos depois de a música sair do disco, com a popularização do MP3, algo começa a acontecer de modo consistente na relação entre ouvintes e artistas.

Para registro, paguei £ 8 por "In Rainbows", o álbum que não tem preço."

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Para registro, acabei decidindo pagar as mesmas 8 libras pelo download, cerca de 30 reais.

Até agora só ouvi o "disco" meia vez (e estou gostando), então ainda não sei dizer muito sobre ele. Mas parte importante do valor já se pagou só pelo processo. Espero que isso se torne um dia tão corriqueiro que o processo deixe de ter valor por si só.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Ah, e pra constar...

Nestlé aqui em casa não entra.

Claro que não sei tudo que é da Nestlé, e certamente compro várias coisas que a tornam um pentelhésimo mais rica, mas quando dá boicoto.

Não barro um leite consensado Nestlé na porta quando alguém traz, claro, nem fico azucrinando meus conhecidos com isso. Mas aqui o espaço é meu e quem não quer não lê, então azar o seu... :)

De qualquer maneira, isso não é uma campanha. Você faz o que você quiser, eu só estou contando como fazemos aqui em casa.

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Ah, os motivos?

Bom, procure mais informações sobre...

1. A relação da Nestlé com a alimentação de recém-nascidos ao redor do mundo, especialmente em países mais pobres, há décadas (e os boicotes que já sofre por isso mundo afora);

2. A relação da Nestlé com a água de São Lourenço (e com a que você bebe, no final das contas);

3. A relação da Nestlé com os direitos trabalhistas dos trabalhadores de Feira de Santana (e não estou me referindo à questão dos salários...);

4. A relação da Nestlé com a alimentação nas escolas públicas em São Paulo a partir desse ano (onde a merenda, que deveria ser uma refeição, passará a fornecer os nutrientes de uma maçã, aproximadamente).

Enfim, procure se informar, e faça o que preferir.