sexta-feira, outubro 29, 2004

Esses 3 últimos posts, com textos de estilos tão diferentes, foram escritos a partir de e-mails recebidos hoje, sexta-feira, antevéspera do 2º turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo.

Eles disseram, de maneira emocional, com opinião de classe ou mais tecnicamente - mas todos de maneira apaixonada - o que eu gostaria de dizer de maneira muito mais simples e incompleta:

Tente pensar um pouco além do seu quarteirão, do quarteirão em que você trabalha, e pense um pouco mais nessa cidade e no que realmente tem sido feito. Não jogue fora esses 4 anos de muita coisa feita, para agora entregar a prefeitura a um partido que não fez nada pelo povo que mora fora do centro comercial dessa cidade.

"Caros amigos,

Há momentos em que temos de nos manifestar em termos de opções políticas. A atual administração me pediu para checar as suas cifras. Uma visão externa freqüentemente ajuda. O que trago é um depoimento.

Só os inconscientes não vêm o drama social desta cidade. Cidade Tiradentes, na Zona Leste, tem uma taxa de crescimento demográfica de quase 8%, uma população em idade ativa de 124 mil pessoas, e 2.274 empregos formais. Quase 80% dos chefes de família têm uma renda de menos de 5 salários mínimos. Parelheiros, na Zona Sul, tem uma taxa de crescimento de 7%, uma população em idade ativa de 70 mil pessoas, e 4.592 empregos. Os que têm menos de 5 SM somam 83% dos chefes de família. Perus, na região noroeste, tem uma taxa de crescimento de 7%, uma população em idade ativa de 72 mil pessoas, e 2.939 empregos formais. Com menos de 5 SM, 76% dos chefes de família. Pinheiros, na Zona Oeste, tem um crescimento demográfico de - 2,4%, uma população em idade ativa de 198 mil pessoas, e uma quantidade de empregos que atinge 238 mil. Em Pinheiros, apenas 16% dos chefes de família ganham até 5 SM, 45% ganham mais de 20 salários mínimos.

Todos os dados que tive ocasião de analisar coincidem em termos territoriais: são as mesmas regiões que têm maior crescimento demográfico, que têm menos empregos, que têm um DH mais baixo, que apresentam maior taxa de gravidez adolescente, maior índice de criminalidade, menor nível de renda. Os quatro exemplos de subprefeituras que apresentamos acima, com dados de 2000 de diversas instituições, nos levam a uma conclusão óbvia: o reequilibramento social e econômico da cidade é de longe o principal problema, e constitui inclusive o melhor interesse de médio prazo da própria população rica da cidade. Ninguém lucra com o caos que foi se instalando durante décadas de investimentos centrados nos bairros prósperos e na circulação automobilística.

Isto tem implicações práticas. A cidade não cresce onde há mais empregos, pelo contrário, cresce onde há menos. Pinheiros, inclusive, perde população. Em conseqüência, a necessidade de transporte público decente e mais barato para esta massa de população que diariamente se desloca das regiões de habitação para as regiões de trabalho, constitui uma prioridade de primeira ordem. Uma faixa para transporte coletivo transporta por hora cerca de 8 vezes mais pessoas do que uma faixa de automóveis particulares. É prioridade. Hoje as vans, que apostavam corridas com os ônibus para pegar passageiros nas avenidas, alimentam as linhas estruturais, que se tornaram mais rentáveis. Foi organizada uma divisão de trabalho. Hoje o passageiro pode otimizar a sua viagem pegando dois ou mais ônibus/ vans, sem pagar mais. Isto significa economia de tempo para a população, e significa um aumento muito significativo da produtividade sistêmica da idade. Que m conhece a dureza das negociações para se obter este tipo de ordenamento - com todas as ameaças possíveis envolvidas - sabe a coragem, obstinação e planejamento que oram necessários. Transporte público melhorado para a periferia significa um reequilibramento muito forte em termos de redistribuição de renda.

O essencial da criminalidade, da gravidez adolescente e outros dramas se dão nestas regiões da cidade. Ao se construir infraestruturas escolares que constituem não ó "escolas", mas espaços de integração comunitária e de atividades culturais - inclusive nos fins de semana ? em regiões onde não havia infraestrutura nenhuma, gerou-se um impacto impressionante de reconstrução de capital social. Visitei o CEU de Guaianazes, discuti a sua gestão e formas de inserção comunitária. Não sou nenhum Kofi Anan, mas conheci soluções educacionais inovadoras em numerosos países onde trabalhei no quadro das Nações Unidas, e não tenho dúvida em afirmar que se trata de uma inovação ao mesmo tempo corajosa e rentável: pois a rentabilidade de uma iniciativa deste tipo e mede em termos de resultados não só educacionais, mas também de articulação social. E todas estas infraestruturas privilegiaram as regiões mais pobres, gerando um reequilibramento igual mente significativo.

Todos sabemos que é melhor ensinar a pescar do que dar peixe. Mas para que as pessoas possam pescar é preciso criar infraestruturas adequadas. Mais de um quarto dos domicílios são hoje chefiados por mulheres que têm de buscar renda e cuidar de crianças ao mesmo tempo, em regiões sem empregos. Enquanto não se criam as infraestruturas adequadas - por exemplo no quadro do projeto de desenvolvimento econômico da Zona Leste, - é preciso ajudar as famílias com renda mínima, bolsa família e outros programas sociais que hoje atingem 1,4 milhão de pessoas na cidade. Assegurar que as pessoas que estão no limiar da miséria tenham um mínimo de renda para se alimentar constitui sólido investimento: o Banco Mundial calculou que 200 dólares que se deixam de gastar com uma gestante necessitada resultarão em 20 mil dólares de gastos durante a vida de uma pessoa que foi desnutrida quando mais precisava de cuidados. Os programas de apoio econômico à população mais vulnerável constituem hoje em São Paulo um gigantesco esforço de organização, de unificação de cadastros, de controle de uso dos recursos, esforço este que é estudado e seguido por diversos organismos internacionais, pois constitui um dos maiores esforços deste tipo já empreendidos.

Ah, mas as taxas! A prefeita Luiza Erundina, de quem tive a honra de ser Secretário, entregou a prefeitura com uma dívida da ordem de 4,5 bilhões, a dupla Maluf/Pitta elevou esta dívida para 22 bilhões, e hoje está em 27,6 bilhões. Ao elevar a dívida em 18 bilhões, Maluf e Pitta não precisaram cobrar impostos nem cobrar taxas: simplesmente jogaram a fatura para o administrador seguinte. Com isto, a gestão Marta se viu obrigada a pagar 13% da receita para administrar a dívida. Em termos políticos, não há dúvida que é muito mais esperto quem onera o futuro da cidade, do que quem enfrenta o desgaste de levantar o dinheiro das suas obras. Mas em termos de racionalidade de gestão, também não há dúvida sobre quem é um administrador responsável. Mas a desinformação é terrível: o paulistano não entende que está pagando sob forma de impostos 1 bilhão por ano para empurrar a dívida essencialmente construída durante a era Maluf/Pitta, montante incomparavelmente superior às taxas de lixo e outras criadas pela administração atual. Aliás um processo lamentavelmente semelhante se deu com a chamada "estabilidade financeira" do governo de Fernando Henrique Cardoso, que elevou a dívida de cerca de 100 para cerca de 800 bilhões de reais, chegando a pagar 49% de juros aos intermediários financeiros, e entregando esta dívida ao governo Lula com uma taxa de 24,5%, quando os juros internacionais estão na faixa de 2%. Hoje o dinheiro dos juros desta dívida sai dos nossos bolsos, sob forma de imposto que nunca precisou ser formalmente criado. E se chamou esta era de "estabilidade". A grande diferença, é que as taxas são criadas de forma aberta, oneram mais quem mais usa os serviços, isentam os pobres da cidade, e constituem uma forma mais de transferência de renda dos mais ricos para os mais pobres. Falar mal do governo, de qualquer governo, e criticar os impostos, sempre dá Ibope. Mas o que é realmente perigoso são os impostos escondidos sob forma de endividamento, e o que é realmente importante é que o imposto seja assumido, cobrado de quem gera custos, e transformado em iniciativas que nos tirem gradualmente do desastroso desequilíbrio social herdado.

Não vou aqui entrar na descrição das diversas dimensões da gestão, como não vou entrar na discussão sobre quem é mais simpático. O que me interessa realmente, é que eu sei profissionalmente avaliar uma administração, e ao ver o resgate dos mecanismos de planejamento realizados nestes quatro anos por Jorge Wilheim, a eficiência impressionante da equipe de Márcio Pochmann nos programas de desenvolvimento econômico e de redistribuição de renda, a racionalização do sistema de transporte, a multiplicação de telecentros na periferia, a transformação essencial que vai significar a implantação das subprefeituras em termos de desburocratização e democratização da cidade, a dinâmica dos programas culturais e tantas outras realizações em curso - fico na angústia da nossa eterna praga, de um novo administrador que diz que vai fazer tudo diferente ou melhor. Na minha visão, são centenas de técnicos de primeira linha que desenvolveram um imenso esforço nestes quatro anos, e que merecem um segundo tempo. E sobretudo, São Paulo merece a continuidade do reequilibramento social empreendido.

Eu voto Marta sem nenhum problema nem dúvida. Confesso que fiquei surpreendido com a amplitude de realizações, e a explicação que encontrei é a seguinte: a Marta sabe escolher os seus secretários, e saber escolher um bom time é de longe a principal qualidade de um administrador. A minha simpatia mesmo é com a massa de pobres das periferias desta cidade, que pela primeira vez são tratados de maneira diferenciada.

Peço ao leitor que veja estas linhas não como uma agressão a quem pensa diferente, mas como uma contribuição. Para quem achar que vale a pena, os dados básicos da gestão estão no documento acessível no site abaixo. E não é um documento da área da briga de galos, mas do pessoal de linha que luta pelas realizações.

http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/governo/balanco/0003


Um abraço, Ladislau Dowbor

São Paulo, 25 de outubro de 2004"


***


Para saber um pouco mais sobre o autor:
Ladislau Dowbor, formado em economia política pela Universidade de Lausanne, Suiça; Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia (1976). Atualmente é professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nas áreas de economia e administração. Continua com o trabalho de consultoria para diversas agencias das Nações Unidas, governos e municípios, bem como do Senac. Atua como Conselheiro na Fundação Abrinq, Instituto Polis, Transparência Brasil e outras instituições.
(mais consultas sobre o autor no site http://ppbr.com/ld/sobreld.asp)

ADVOGADOS APÓIAM MARTA

Serra não merece o seu voto
1- AUMENTO EXTORSIVO DAS TAXAS JUDICIAIS
Serra critica a taxa do lixo (que é necessária, e custa só R$ 6,00, em média), mas o campeão das taxas é seu partido, o PSDB. Enquanto todos comemoravam o ano novo, o governador Alckmin, padrinho de Serra, enviou sorrateiramente à Assembléia Legislativa o aumento das custas judiciais. Por isso, em alguns casos, entrar com um processo ficou 800% mais caro. E ninguém paga menos de R$68,00 reais de custas para tentar garantir seus direitos na Justiça. Isso dificulta o acesso ao Judiciário e reduz o campo de trabalho dos advogados.

2- ESTADO DE CALAMIDADE (DO PSDB) NA SEGURANÇA
Segurança é um direito fundamental de todos os seres humanos. E é responsabilidade do governo estadual. VIVEMOS EM ESTADO DE CALAMIDADE NA SEGURANÇA PÚBLICA. Aumenta o número de homicídios, assaltos, invasões de casas e seqüestros. Enquanto isso, as cúpulas das polícias civil e militar do PSDB não se entendem, e vemos na Febem rebeliões freqüentes, uma verdadeira escola para formação de marginais. Isso que o PSDB chama de cuidar das pessoas?!

3- FALTA DE RESPEITO AOS SERVIDORES DO JUDICIÁRIO
Nos quatro anos de governo da Marta, não houve sequer uma greve dos servidores municipais. Sabe por que? Diálogo e respeito.
Já no governo do PSDB, não faltaram greves: Educação, Saúde, Metrô, e mais recentemente, dos servidores do Judiciário. Muitas dessas greves arrastaram-se por meses, pois o governo do PSDB não respeita a população, o serviço público e os servidores. Na greve do Judiciário, o governo do PSDB não cumpriu um compromisso de reajuste que havia assumido. Essa intransigência e falta de respeito é a marca do PSDB.

4- CADÊ A DEFENSORIA PÚBLICA?
No Estado de São Paulo, muita gente não sabe o que é Defensoria Pública. É uma vergonha para o governo Alckmin, do PSDB, pois o nosso Estado é o único que ainda não conta com esse importante instituto de apoio judiciário. A Defensoria Pública destina-se a representar judicialmente a população carente, que tem extrema dificuldade de acesso à Justiça (mais ainda com o aumento das taxas judiciais!). Até agora o governador do PSDB não moveu uma palha para instalar a Defensoria Pública. Sabe por que? Porque ele não está preocupado com os mais carentes. Além disso, a Defensoria pode ser um meio de emprego para muitos advogados.

5 - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA E CAASP
Apesar de ter prometido o aumento das verbas, o governo estadual manteve congelados os recursos para a Assistência Judiciária do convênio da Procuradoria Geral do Estado com a OAB. Assim, os advogados que dependem desse convênio para sobreviver estão passando fome. Com o congelamento das verbas, os mesmos recursos que antes atendiam 10 mil advogados, agora atendem 40 mil. Além disso, o governador Alckmin extinguiu o repasse para a CAASP de parte das custas de mandato - que praticamente sustentava a folha de pagamento da entidade assistencial dos advogados.

13 MOTIVOS PARA VOTAR MARTA PREFEITA - 13

1 - Pela garantia do Bilhete Único, um transporte moderno e eficiente sem a máfia dos transportes.
2 - Os CEUs têm que continuar, com teatro/cinema, piscina, quadras esportivas, telecentros.
3 - Garantir as 200 mil novas vagas, material e uniforme grátis, além do Vai-e-Volta gratuito.
4 - A merenda agora é refeição, com carne e verdura. Toda mãe com filho estudando em escola da prefeitura sabe disso.
5 - Maior conjunto de programas sociais do mundo, com cerca de 2 milhões de beneficiados.
6 - Este governo aumentou as Unidades de Saúde de 74 para 563, quadruplicou o número de ambulâncias, pôs fim ao PAS.
7 - Com um governo que não rouba e não deixa roubar, São Paulo recuperou o respeito nacional e internacional.
8 - Mais inclusão digital com 123 Telecentros, que oferecem cursos de computação
e acesso gratuito à internet.
9 - Justiça fiscal: o IPTU passou a ser progressivo, os 200 mil maiores contribuintes respondem por 70% da arrecadação.
10 - Pelo desenvolvimento da cidade e programas nas zonas leste e sul, com as obras da Radial Leste e Jacu Pêssego.
11 - Por uma melhor ocupação urbana; no programa Bairro Legal, 52 famílias trocaram favelas por lotes urbanizados.
12 - Por mais participação da população. Marta implementou em São Paulo o Orçamento Participativo.
13 - Implantou a Ouvidoria do Município e revitalizou o Centro, coração da advocacia paulistana.

POR TUDO ISSO, VOTE MARTA, PARA CONTINUAR BOTANDO ORDEM NA CASA.

Advogados do Coletivo de Campanha Marta Prefeita

Carta do amigo de uma amiga, publicada à revelia, editada (maiúsculas e digitação) sem consulta.

"Bom, primeiro quero dizer que acredito na democracia e que qualquer que for o resultado dessa eleição, vou continuar trabalhando. Seja pro estado junto à Funap - Fundação de Assistência ao presidiário, seja na prefeitura, acreditando na lei de fomento ao teatro para a cidade de São Paulo. Vou continuar lutando contra o racismo policial e acreditando no que faço. Apostando na cultura e educação como pilares de transformação social. Mas tenho minha posição. Não é nada, não é nada, pode ser nada. Mas prefiro não me omitir. Muitos amigos pra quem eu estou mandando esse texto não concordam comigo. Ok, isso é democracia. Mas mesmo assim, vamos lá. Tenho nós nos ombros e na garganta. E falar do que se sente sempre é bom.

Estamos aqui a um passo de uma eleição inesquecível. Uma eleição machista, segregacionista, burguesa. Os ônibus perderão dos carros, o Jardim Nakamura do Jardim Paulista, os CEUs dos... o que mesmo? Desculpem falar disso mas tá foda. Tô puto. E não tô puto porque o Serra está ganhando. Se ele ganhasse por mérito e reconhecimento da população por seus feitos, ok. Eu tô puto porque dos que votam no Serra, pouquíssimos me dão um motivo político ou social ou econômico ou de planejamento pra votar no cara. Não que eu ache o governo atual livre de críticas e erros. Muito pelo contrário, acho a Marta prepotente em muitos momentos (bom, vocês dão bom dia pra quem todo dia? Pro porteiro? Sabem o nome dele? Olham nos olhos de quem vocês dão aquelas moedinhas do fundo da calça?). Errou muito em outros. Mas eu falo de uma coisa maior.

Sempre encontro com pessoas que votam no Serra apenas por votar, por serem contra o PT (?) ou tucanistas ou ex-malufistas (no fundo são os mesmos que já votaram no "rouba mas faz", "estupra mas não mata"). Alguém disse que a odeia... ?é, o governo dela até que não foi ruim mas prefiro o Serra?. Odeia por quê? Porque mesmo sendo burguesa (tudo o que eles queriam ser) e morar no Jardim Europa (onde eles queriam estar) e ser uma perua (tudo o que eles são e sem grana), fez o governo, entre erros e acertos, cagadas e peruadas, mais distribuidor de renda (talvez único) que já vi. Se você for pontuar as obras mais importantes, quais são: CEUs, bilhete único, transporte escolar, passa-rápidos, renda mínima... (gozado, tudo pra pobre!).

E o Serra? O Serra é o mesmo Serra que se transformou em presidente da UNE e na hora do vamos ver, na única hora em que o nosso nacionalismo foi posto à prova, em que unicamente lutamos contra um poder centralizador e autoritário, na hora do pega-pra-capar, o cara pegou um aviaozinho pago pelo pai e foi cursar seu exílio numa universidade qualquer da Europa (que hoje é currículo). Falam do Zé Dirceu, mas pelo menos brasileiro o cara foi, não teve medo de ser preso, interrogado, deportado. Precisamos de quem gosta dessa porra aqui e não de teóricos do poder, oportunistas do poder (?ah, se não dá pra presidente, vamos de prefeito, daqui a 2 anos tentamos de novo?). E olha que não vou falar no Zé Anibal. Falam dos programas do ministério da saúde. Quem sabe como isso é feito, sabe: o cara só assinou. E com medo da merda que ia dar. No começo sumiu, só apareceu quando a mídia comprou a idéia. Falando nisso, alguém ai já usou os serviços de algum hospital do Estado? Você levaria seu filho querido pra ser cuidado em algum hospital do Estado? Jura? Falam que é bom planejador. Ele foi ministro de planejamento de que governo? E o que planejou? Digam-me, tô perguntando.

Outros me falam dos aumentos dos impostos, do lixo e dos coqueiros. Meu deus! Eu tô falando de um governo igualitário. Eu tô falando de quem ganha 200 contos por mês e em vez de gastar 90 por mês de transporte, hoje gasta 30.

Eu tô falando de até onde o projeto dos CEUs (se forem bem planejados) pode chegar e a quantos pode atingir. O governo do psdb comanda o estado de São Paulo há mais de 10 anos. E aí? Melhorou o quê? A escola em que estudei nos cafundós da ZN (em que fui votar e é estadual), tá caindo aos pedaços, carteiras velhas, as mesmas lousas e mesas do tempo em que estudei... e olha que já faz um tempo. E os caras metem o pau nos CEUS. O cara que tava na ponta da mesa meteu o pau. Aí eu perguntei docemente:
- Você já foi em algum CEU?
Ha, ha, ha!, imagina se o cara de calca M. Officer ia até algum CEU... ha! ha! Fico só imaginando... E não adianta falar porque já fui, já vi as oficinas funcionando, a loucura que são os shows de música, a apresentação de peças de teatro, o monte de gente que em vez de fazer besteira estavam aproveitando os CEUS.

Falei da diminuição da violência (ainda pequena mas significativa). Aí, falaram:
- É, mas no estado também diminuiu.
Desculpa aí, mas estamos falando de coisas diferentes: no meu caso, tô falando que a violência pode ter diminuído pela existência e construção de novas opções na periferia e para o povo mais carente. Tô falando que se o cara tá no CEU, aprendendo alguma função, alguma profissão, tendo acesso à informação, tendo lugar para lazer, ele não vai estar pensando em fazer merda. No caso deles, será que estão falando da polícia militar que mata mais que todas as outras polícias do Brasil e que comprovadamente é racista? Que porra de paz é essa? Eu estive no jardim São Luiz conversando com pessoas dali. Os caras matam mesmo. Mais de 90 % dos jovens negros já foram parados pela polícia. Um amigo meu, negro, classe média alta, formado pelo Colégio Equipe, foi parado pela polícia só por estar parado na frente de um banco. É essa a diminuição da violência? Pra quem, cara pálida?

Apesar de sermos o estado mais rico, no interior vários trabalhadores da roça (agricultura que ainda move esse país) trabalham em sistema de escravidão. Alguém fala disso? A maioria (nem todos) dos que votam no Serra tem pelo menos alguma coisa em comum. Não sabem ouvir, preferem não acreditar no que quem conhece fala, pelo simples fato de que não entendem ou não querem entender nada. Economia pra eles é o bolso cheio em dia de shopping. Igualdade é todos pegarem o mesmo elevador (pra alguns). Política, então, nem se fala. "Ai, eu odeio política". Odeia porque não tem idéia do que se trata e onde ela influi na nossa vida. Estamos em um momento decisivo pra melhorar a base da população brasileira.

Não entendem que pra tirar morador de rua da rua, não é assassinando os caras a paulada, mas sim dando educação, lazer, informação. Preparando e não eliminando. Não entendem que quem tem carro e chega à hora que quiser em casa, também tem que ceder um pouco do seu espaço pra quem não tem condição de ter carro e pega seis conduções pra ir e voltar do trabalho. E que em vez de 3 horas podem chegar em menos de duas. Pergunta: cadê o metrô?

Não entendem que o único governo que foi direcionado mais pra quem não tem do que pra quem tem está sendo testado. E que se for recusado nenhum outro governo surgirá com a mesma fórmula. Então tá. Vamos voltar à velha escola, à velha fórmula. Coronéis, famílias quatrocentistas dos meios de comunicação comandando o país, a manipulação da informação e dos dados, tal censura, quem sabe muros (hein Conde, quer vir pra cá?) pra separar o Jardim Ângela com guaritas e pedágios (bom, na marginal o governo do estado já está providenciando), quem sabe ditaduras militares ou da mídia, quem sabe mulheres em casa, cintos de castidade. Quem sabe, quem sabe.

Desculpem pela faladeira, é que eu tô puto. Mas passa. Quem sabe em 4 anos ou quem sabe em um fim de semana. Quem sabe. Desculpem o português errado mas como tem gente que acha que educação não é importante, belê. Alguém sabe?

Abratzo, bom fim de semana e quem sabe com sol, né, Pedro!

sato"

terça-feira, outubro 19, 2004

Na Avenida Paulista, lado centro, ao lado do Stand Center, há um enorme estacionamento de esquina. Sobre os muros do estacionamento estão uns 4 ou 5 outdoors. Lembra?

Pois ontem, vindo para o trabalho, vi em 2 destes outdoors frases coladas em papel branco, enormes, por sobre a imagem original. Passando rápido, só consegui ler um deles (acho que sobre uma propaganda de academia de ginástica, mas não faz muita diferença de fato), onde se lia "SOMOS MULHERES, NÃO MERCADORIAS", ou algo muito parecido.

Hoje pela manhã, passando novamente por ali, só se via um funcionário "limpando" os outdoors. Não consegui saber o que dizia a outra frase.

***

Admito, fiquei um tanto emocionado. Não achei que alguém iria ter coragem de fazer uma coisa desse tipo. Eu não tenho. Merda.

Alguém tem alguma outra informação? A quem eu posso parabenizar/ invejar/ ajudar?

sábado, outubro 09, 2004

Incêndio
Fernando G. Balestriero. "Incêndio em canavial", em algum lugar perto de Jau, SP, 7/10/04. Fuji S3000, definição da foto em 1MB.

Vamos consertar o mundo
Vamos começar lavando os pratos
Nos ajudar uns aos outros
Me deixa amarrar os teus sapatos

Vamos viver - Herbert Vianna


Deus do céu (!?), será que tem muita gente que tem por hábito entrar em sites religiosos para tentar "desconverter" os fiéis? Essa quantidade de visitas de crentes guerrilheiros, não é possível, isso só pode ser vingança...

É o seguinte, gente boa: eu sou ateu. Praticante. Minha santíssima trindade é a Química, a Física e a Biologia (considerando a matemática como a filosofia, por aí, all around). Morreu, babau, acabou-se tudo, já elvis, "vai-se o corpo, da alma libertado", amém.

Então vamos combinar uma coisinha? Se vocês, crentes engajados, estiverem certos, lá no Juízo Final vocês têm toda a liberdade para vir tirar o sarro da minha cara, fazer piada etc. E isso já é uma vantagem para vocês, já que se eu estiver certo a gente não vai ter a oportunidade de se encontrar nunca mais. Pô, sacanagem.