quarta-feira, julho 20, 2005

A Falha de São Paulo ataca novamente...

A Rose Ane Silveira, da Fola Online de Brasília, queria dizer que "a ex-mulher do presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), Maria Christina Mendes Caldeira, afirmou nesta quarta-feira que seu ex-marido recebeu recursos do tesoureiro do licenciado do PT Delúbio Soares." Na verdade, isso ela disse, é o primeiro parágrafo do texto que foi publicado (se houver 2 interrogações neste parágrafo, troque por aspas, please. São os sacis leprechauns).

Mas a manchete que saiu foi a maravilhosa:
Valdemar Costa afirma que marido recebeu dinheiro de Delúbio, diz ex-mulher

Eu adoro esse jornal... :D
Eu acredito em ceramidas.
Muito bem. O saci leprechaun que está trocando minhas aspas por interrogações pode parar, acabou a graça.

segunda-feira, julho 18, 2005

Pois então, no dia 24 de Julho, se nada der errado (o que é pouco provável), entra no ar o canal Telesur, um consórcio formado por emissoras latino-americanas, com sede em Caracas. E no jingle da propaganda do canal parece que uma moça canta o refrão da música Tieta, do Caetano.

A parte boa vem agora: a música levou o jornal colombiano El Tiempo a denunciar a emissora por fazer propaganda do grupo terrorista ETA. Isso mesmo.

O canal já estaria sendo, inclusive, chamado de "Al-Bolívar" (Simón Bolívar + Al-Jazira, hein, hein, pegou?). A Telesur funciona sob o lema "Nosso Norte é o Sul" e tem apoio dos governos de Venezuela, Argentina, Uruguai e Cuba. O Brasil não faz parte do grupo de acionistas, mas participará das operações através de convênio com televisões regionais e com a TV Senado.

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Aliás, o que é esse refrão; ?Eta, eta, eta, eta. É a lua, é o sol, é a luz de Tieta, eta, eta??! Eu sei, muito já foi escrito sobre isso, mas não consigo deixar passar. A Zel acha que o Caetano tava sem prazo ou saco e entregou para alguém terminar para ele. Não é possível. O Caetano tava possuído quando escreveu isso. Isso é encosto.

Imagine como seriam outras coisas da carreira do Caetano se escritas sob as mesmas condições... ?Mento, mento, mento, mento, sem lenço, sem documento?, ?Ara, ara, pro meu corpo ficar odara?, ?Ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão, que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João? e ?Viva a banda, da, da, Carmen Miranda, da, da, da, da?. Ih, não, essa última já é assim. Olha só o encosto aí de novo!

segunda-feira, julho 11, 2005

Aleluia! A primeira matéria de que eu realmente gosto na Exame. Sabia que um dia isso ia acabar acontecendo. Espero que eles se lembrem das últimas 10.000 matérias da revista... :P


Por que falamos como idiotas | 01.07.2005
Basta entrar numa empresa para ouvir uma língua que usa muitas palavras ? mas não diz nada
Por Tiago Lethbridge

Leia com atenção o diálogo a seguir:

? Precisamos adotar as melhores práticas.
? Mas com foco no cliente?
? É claro! Sem isso, perderíamos nossa vantagem competitiva, afetando o bottomline no longo prazo.
? Mas, se não nos alinharmos aos stakeholders, vamos deixar de estar agregando valor ao negócio.

Se você não percebeu que essa conversa é apenas um amontoado de jargões gastos, palavras vazias e frases sem o menor sentido, cuidado. Se essas expressões fazem parte do seu vocabulário, então, talvez o caso seja grave. Você pode ser vítima de uma das maiores pragas do mundo dos negócios: falar como um idiota. A comunicação transparente nunca foi tão importante para a sobrevivência das empresas. E, paradoxalmente, nunca tantos usaram tantas palavras para dizer tão pouco. Até recentemente esse assunto era tema de piadas. Neste ano, no entanto, Brian Fugere, Chelsea Hardaway e Jon Warshawsky, três consultores da Deloitte, lançaram um livro que se propõe a estudar seriamente o tema: Why Business People Speak Like Idiots ("Por que os homens de negócio falam como idiotas", sem previsão de lançamento no Brasil).

Os executivos de hoje falam de maneira evasiva, argumentam os autores, especialmente quando suas empresas têm notícias ruins a dar aos acionistas. No Brasil, há uma agravante. Nossos homens de negócios importam termos usados pelos americanos sem nem tentar traduzi-los. Como resultado, surgem preciosidades como os verbos upgradear, deliverar ou performar -- inexistentes em qualquer dicionário digno do nome. "A baboseira se tornou a língua dos negócios", escrevem os consultores da Deloitte. Rareiam executivos que sabem se comunicar com clareza, como Jack Welch, o ex-presidente da GE, ou Samuel Klein, fundador da Casas Bahia.

Quando os presidentes capricham no discurso rebuscado, entra em ação uma espécie de lei da gravidade, descrita pelo palestrante e ex-colunista de EXAME Max Gehringer: "Os diretores querem falar como os presidentes; os gerentes, como os diretores; os supervisores, como os gerentes; os trainees, como os supervisores; e os estudantes, como os trainees". Uma boa amostra pode ser colhida no programa de TV O Aprendiz, apresentado por Donald Trump nos Estados Unidos e por Roberto Justus no Brasil. Os candidatos, recém-formados, papagueiam expressões ocas como agregar valor, alinhar ou movido a resultados. "O idiota quer parecer esperto e, para isso, abusa de palavras pomposas", escrevem os autores do livro. Curioso notar que ninguém fala desse jeito quando não está trabalhando. Como no livro O Médico e o Monstro, de R.L. Stevenson, o funcionário cultiva personalidades distintas dentro e fora do escritório. É difícil imaginar, por exemplo, um gerente de RH que proponha à namorada um relacionamento com mais "foco no resultado". Quando o funcionário cruza a porta de entrada da empresa, no entanto, seu vocabulário se transforma -- e se afasta do idioma das ruas.

Por que a linguagem dos negócios se tornou tão maçante? Há alguns motivos. Faculdades de administração, MBAs, gurus e consultores passaram os últimos 20 anos reinventando velhos conceitos e dando-lhes novos nomes. "Nenhum consultor vai propor analisar os produtos de uma empresa, mas, sim, um realinhamento estratégico do portfólio", diz Gehringer. Passados os anos, termos como reengenharia, downsizing ou networking se entranharam no bê-á-bá empresarial. A onda mundial do politicamente correto, responsável por transformar anões em "indivíduos verticalmente prejudicados", também deixou cicatrizes nas empresas. Funcionário, chefe e produto, por exemplo, são termos banidos do dicionário. Hoje chamam-se colaborador, líder e soluções disponibilizadas. "Quando um departamento de RH chama o funcionário de colaborador ou associado, quase sempre quer esconder sua incompetência", diz Joaquim Patto, diretor da consultoria Mercer. Tecnologias como o PowerPoint, com seus templates, também só ajudam a pasteurizar ainda mais a linguagem. Não é fácil sair dessa situação, em que uns fingem que falam e outros fingem que entendem. Sem uma mudança de paradigma, vamos estar falando como idiotas por um bom tempo.