A verruga, a berinjela e o cachorro
Para o Marcurélio, que não curtiu o “papo energia” do Cesar Millan, meu conselho de método de leitura.
***
Na minha pré-adolescência me apareceu uma verruga no joelho (e o Marco agradece o nego que dedica história de verruga pra ele). Eu querendo passar a faca na parasita, família deliberando, e a história da verruga chega aos ouvidos da minha avó paterna. O que ela sugere? Uma simpatia, claro.
“Tá, vó, qual a simpatia?” (tentando não fazer cara de pouco caso). “Você pega uma berinjela, corta em quatro, esfrega 3 partes na verruga e a outra parte você enterra.” Admito que não me lembro se tinha algum detalhe charmoso a mais, como enterrar em noite de lua cheia ou em sexta-feira 13, no cemitério ou no jardim do José Serra, não sei.
Eu e meu pai já começamos a teorizar sobre a história ter alguma possibilidade de funcionar, vai que a berinjela tem de fato alguma substância que atua sobre a verruga, essas histórias não aparecem à toa.
E toca a esfregar a berinjela. Cortada do jeito mais fácil de esfregar.
E não é que depois de alguns dias a verruga começa a diminuir? E vai indo, indo, e iu! Foi embora. Eu e o meu pai comemorando e divagando sobre as substâncias presentes na berinjela, e eu fico sabendo que, por via das dúvidas, toda noite minha mãe ia resgatar um pedaço da heróica berinjela e enterrava no quintal. Vai que, né?
***
Ou seja, se o troço funciona, use. Não precisa acreditar na influência da lua sobre a verruga, ou na energia que você canaliza para o chakra do umbigo do cachorro, encontre suas próprias explicações.
Mas não se esqueça que esse negócio de ser cético atrai energia negativa.